Segundo seu mito fundador, Bizas – filho de Poseidon e Keroessa – veio da Grécia em busca de um local para fundar uma nova colônia orientado pelo Oráculo de Delfos. A profecia dizia que o local ideal era aquele “Do lado oposto ao cego”. Diz a lenda que Bizas entendeu que seria o local seria a costa do Chifre de Ouro, que é naturalmente protegido. A nova povoação chamou-se Bizâncio em homenagem ao fundador.
A fundação de Bizâncio data de 657 A.C. A localização foi um dos principais trunfos para a cidade prosperar, pois podia cobrar impostos dos navios que trafegavam pelo Bósforo.
Logo, tornou-se um grande mercado e, claro, também, alvo das investidas de outros povos. Assim, Bizâncio foi submetida pelos persas, depois ficou sob o poder de Atenas, fazendo parte da Liga de Delos contra a qual se revoltou algumas vezes, foi ocupada por Esparta após a Guerra do Peloponeso, voltou a ser livre, e posteriormente parte do império de Alexandre, O Grande.
Em 79 A.C Bizâncio foi incorporada ao Império Romano, com status de estado livre. E foi graças ao apoio ao lado perdedor na disputa pela sucessão romana em 193 d.C. que foi destruída e uma nova cidade construída em seu lugar. Sétimo Severo, agora imperador romano, realizou um cerco à cidade que apoiara seu oponente e a queimou completamente. No entanto, Severo utilizou o mesmo local para reconstruir a cidade, com o dobro do tamanho de Bizâncio, incríveis muralhas e um Hipódromo, e chamou a cidade de Augusta Antonina.
No século IV, Diocleciano decretou que o Império Romano deveria, depois dele, ser governado por coimperadores, um para o Oriente (com a capital em Augusta Antonina) e outro para o Ocidente, com capital em Roma. Mas, como a divisão suscitou uma guerra entre os coimperadores, a cidade ainda se tornaria o centro do mundo conhecido até então. Em 324, Constantino reuniu o império novamente sob um único imperador. A capital ficou no Oriente, que em 330 passou a se chamar Constantinopla, a cidade de Constantino. Os imperadores da “Roma do Oriente” ou de “Constantinopla” ficaram conhecidos como Bizantinos.
Enquanto a Europa se assustava com as investidas dos povos bárbaros – Roma foi tomada e saqueada em 476 d.C. -, Constantinopla prosperou, mas não sem se proteger. O imperador Teodósio construiu muralhas ainda maiores. Essas muralhas ainda hoje podem ser vistas e protegeram a cidade de maneira decisiva ao longo de séculos, resistindo a uma série de invasões árabes e búlgaras. Também foi Teodósio quem construiu a Basílica de Santa Sofia (que foi destruída em um incêndio). O imperador bizantino mais famoso, no entanto, foi Justiniano, que junto a sua esposa Teodósia, construiu obras impressionantes, como a Pequena Santa Sofia, Santa Irene, a Cisterna da Basílica e a Nova Hagia Sophia (537 d.C), a catedral de Constantinopla.
Na virada do milênio a poderosa Constantinopla enfrentava as investidas do império turco vindo da Anatólia, a concorrência comercial da rica Veneza e as investidas dos cavaleiros cruzados, além de disputas internas pela sucessão. Foi graças a mistura de vários fatores destes que em 1204 foi saqueada pela IV Cruzada, liderada pelo doge de Veneza Enrique Dandolo. Dandolo é um desses personagens inacreditáveis da história e liderou a operação quando já tinha mais de 85 anos e estava cego. Ele controlou parte da cidade, incluindo a Hagia Sophia, que foi convertida em igreja romana. Hoje, pode-se ver o túmulo de Dandolo no museu que funciona no local. |