Estilo
É
nas Polonesas, Mazurcas e Valsas que sua música é
especificamente polonesa, embora nas Valsas já se encontre
um toque parisiense.
Sua
arte é altamente pessoal. Os arabescos e ornamentos
que, nas obras de outros, só servem para exibicionismo,
para Chopin tornam-se essenciais. Ele criou um novo estilo
pianístico.
Tanto
os Estudos, escritos para resolver determinados problemas
pianísticos, comparáveis às obras didáticas
de Bach, como os Noturnos, pequenas peças poéticas,
sonhadoras, tiveram precursores e modelos.
Mas
Chopin também criou suas próprias formas, como
as Baladas, peças um pouco mais extensas, que sugerem
uma sequência de estados psicológicos, os Scherzi,
expressões de um humorismo característico, cáustico,
sarcástico, desesperado, exatamente o contrário
do romantismo melancólico e elegante, e os Prelúdios,
expressões de um pessimismo desolado.
Suas
inovações harmônicas influenciaram Liszt,
Wagner e Scriabin.
Um Concerto executado por Chopin em Paris em fevereiro de
1832 recebeu excelentes críticas, e sua aceitação
foi assegurada. Ele entrou para o mais alto círculo
social, mas não gostava de dar concertos a grandes
platéias. Ele limitou suas aparições
em concertos a uma ou duas vezes ao ano, e algumas vezes era
como segundo pianista para outros artistas. Durante toda a
sua carreira, Chopin tocou apenas em cerca de 30 concertos
públicos. Nenhum outro executante alcançou tão
grande reputação com tão poucos concertos.
Em alguns aspectos, o temperamento de Chopin como executante
de música parecia-se com o de Schubert, por ele preferir
tocar para pequenas platéias ou em reuniões
de amigos ao invés de salões.
O estilo de tocar de Chopin, com sutis nuanças e seu
uso de pedal de sustentação para sobrepor e
misturar os tons, era mais apropriado a pequenas platéias.
Para ganhar a vida, Chopin ensinava. Apesar de gostar de ensinar,
seu verdadeiro interesse estava na composição,
e não demorou muito para ele ser reconhecido em Paris
como um compositor e pode ganhar a vida compondo. Tanto quanto
sua doença progredia, sua produção de
composições diminuía; em 1844 ele escreveu
apenas a Sonata em Si menor. Os compositores-executantes que
mais influenciaram a maneira de tocar e compor de Chopin foram
Field e Hummel. Danças e melodias nacionais polonesas
estavam moldando a música de Chopin, e, possivelmente,
ele conheceu as mazurkas, polonaises, e noturnos da pianista
polonesa Maria Szymanowska (1789-1831). Outro fator era o
tipo de piano disponível para ele, e suas capacidades
técnicas. Sem a ação do escapamento duplo
não teria sido possível para Chopin articular
clara e rapidamente notas repetidas que aparecem tão
freqûentes em sua música. Também, o martelo
coberto por couro contribuiu para uma qualidade suave do tom.
Chopin
não escreveu música programática. Sua
música era graciosa, sensitiva, expressiva, e romântica,
e a sua execução apropriada exige do interprete,
impecáveis técnica e toque. As melodias de Chopin
são líricas; usualmente, são periódicas,
duram 8 compassos e basicamente diatônicas. Chopin era
perito em improvisação e preferia variações
temáticas a fragmentações, como uma ferramenta
de desenvolvimento. O cromatismo era usado para variar e desenvolver
os temas. Apogiaturas, notas de passagem, e ornamentos eram
abundantes. Repetição com variações
e retornos após contrastes eram sua forma básica
de procedimento. Freqûentemente, ele usava um tipo de
rondo, por exemplo, Nocturne, Op. 9, No 2, construído
como A-A´-B-A´´-B´-A´´´-Coda-Cadência
ornamental-Cadência harmônica. Na música
de Chopin o contraponto estrito e a polifonia são raros.
Em suas harmonias, ele usa livres audaciosa e intensamente
as dissonâncias (ex. Scherzo, Op. 20, comp. 591-601).
Freqûentemente, ele modula enarmonicamente; algumas
vezes simplesmente assume uma nova tonalidade. De vez em quando,
suas melodias parecem ser geradas pela harmonia por ele usada,
por ser proficiente em entremear melodias em figurações
de acompanhamento ou figurações de acompanhamento
ao redor de uma melodia. Freqûentemente, os ritmos são
aqueles associados a danças. Chopin usou o pedal sostenuto
não apenas para sustentar uma linha melódica
ou uma harmonia, mas, mais importante, para expandir a abertura
de um acorde e estender a harmonia bem acima da extensão
normal de oitava de uma mão (ex. Étude, Op.
10, No. 11, comp. 1-3; Nocturne, Op. 27, No. 1, comp. 1-4).
O pedal apropriado é vital ao interpretar a música
de Chopin. O tempo rubato é uma característica
importante na música de Chopin. Sua própria
explicação do termo é : A mão
tocando o acompanhamento mantém estritamente o tempo;
a mão tocando a melodia relaxa o tempo, então
acelera discretamente de forma a restabelecer a sincronização
com o acompanhamento.
As
Obras
Os
solos de Chopin para piano incluem 26 prelúdios, 27
estudos, 21 noturnos, 4 improvisos, 16 polonaises, 61 mazurkas,
20 valsas, 3 sonatas, 4 baladas, 4 scherzos, fantasias, 4
variações, 4 rondos, marchas e numerosas peças
tais como Barcarolle (Op. 57, Op. 60), Bolero (Op.19), Bourrée
(2 WoO, publ. 1968), e a Tarantelle (Op. 43). Ele escreveu
1 Fuga (Lá menor; 1841, publ. 1898) e 1 Cânone
(Fá menor; c. 1839, não publicada). Para piano
e Orquestra há 2 concertos (Fá menor e Mi menor),
Variações sobre La cì darem la mano (Op.2),
Fantasia sobre árias polonesas, Grande Polonaise em
Mib, e o concerto rondo Krakowiak (Op. 14; 1828). Também,
há um trio para piano, 3 trabalhos de músicas
de câmara para cello e piano, um conjunto de variações
para flauta e piano e 19 canções sobre textos
poloneses. Há dois prelúdios avulsos, em Láb
maior (WoO; 1834, publ. em 1918) e em Dó# menor (Op.
45; 1841), e um conjunto de 24 Prelúdios (Op. 28; 1836-39;
publ. em 1839). Os Prelúdios do Op. 28 são pequenas
peças independentes, uma em cada tonalidade maior e
menor. São organizadas no volume em pares de maior-menor,
começando com Dó maior e Lá menor, e
seguindo primeiro em número ascendente de sustenidos
e então em descendente de bemóis. O Prelúdio
em Mi menor, Op. 28 No. 4, é uma forma de uma parte
de 25 compassos de duração. Cada volume dos
études,Op. 10 e Op. 25, contém 12 estudos; em
adição, Chopin escreveu 3 estudos para o Método
de Moscheles (1839). Há estudos na maior parte das
24 tonalidades. Parece ter sido Chopin o primeiro pianista
a escrever estudos com musicalidade suficiente para serem
apresentados em público revelando seus propósitos
pedagógicos das entrelinhas. O Estudo em Mi maior,
Op. 10 No.3, era o favorito de Chopin; sua aparente simplicidade
é ilusória. A maioria dos estudos Op. 25 são
bastante trabalhosos. O estudo em Lá menor, Op. 25
No. 11, o estudo do "Vento de Inverno", começa
lento com duas declarações da figura com recursos
fúnebres na qual toda a composição é
baseada. O corpo do estudo é um Allegro com fuoco,
no qual uma mão constantemente reitera harmonizações
do tema sombrio, enquanto a outra mão é um furacão
em atividade.
Mazurcas
e polonaises
As
mazurcas e polonaises de Chopin foram umas das primeiras músicas
do século dezenove baseadas em um idioma nacional.
Seu Rondo ´ la Mazur, Op. 5, e a Mazurka em Sol maior
foram publicadas em 1826; naquele ano, as 24 Mazurkas de Maria
Szymanowska apareceram em Leipzig. Chopin não fez nenhuma
citação direta das danças polonesas;
ele usou seus ritmos, melodias e harmonias características.
A mazurka originou-se perto de Warsaw; o nome da dança
deriva das pessoas que moravam naquela área, os Mazurs.
Há três tipos ou variações regionais
da mazurka: a mazur, a obertas e a kujawiak. Todas usam compasso
ternário com o segundo ou terceiro tempo do compasso
acentuado. O quarto grau da escala, que é elevado,
uma característica do modo lídio, é característico
da música polonesa e das mazurkas de Chopin. Muitas
de suas mazurcas são de algum modo em forma rondo.
A
imponente dança polonesa do tipo marcha, que em algum
momento os franceses deram o nome de "polonaise",
tem existido por séculos. Versões instrumentais
estilizadas apareceram no século dezessete, e no século
dezoito algumas foram escritas por Bach, Handel, Couperin,
e outros. Nas mãos de Chopin, a polonaise tornou-se
um símbolo do nacionalismo polonês. A mais popular
e a melhor de suas polonaises é a em Láb maior,
Op.53 (1842).
Noturnos
Os
noturnos de Chopin são peças subjetivas, introspectivas
e expressivas. Claramente eles foram influenciados pelos de
Field, apesar das harmonias de Chopin serem mais complexas.
A perícia de Chopin na improvisação é
aparente em seus noturnos; isso, junto às harmonias
românticas, enriquecera-os consideravelmente. Usualmente,
cada vez que a melodia retorna, Chopin ornamenta-a enormemente,
e ocasionalmente ele insere pequenas cadências. Isto
pode ser visto no seu Nocturne em Mib maior, Op.9 No.2. Em
muitos aspectos, este trabalho assemelha-se ao Nocturno em
Lá maior, No.9 de Field. Uma grande similaridade existe
entre o Nocturno em Láb maior de Chopin, Op.32, e o
Nocturno No.5 de Field em Sib maior. Ambos noturnos transmitem
uma atmosfera nostálgica.
Sonatas
A
Sonata para Piano em Dó menor de Chopin era insatisfatória
tanto para ele quanto para seu professor. Em 1837 ele compôs
a Marche funúbre como uma composição
isolada; três anos depois, ele escreveu três movimentos
para cercá-la e assim criou sua segunda Sonata para
Piano (Sib menor; Op.35). Este é um trabalho romântico,
com Scherzo/Trio colocado em segundo e o movimento lento em
terceiro, e com um Finale não usual, o clímax
da Sonata, com um Presto preenchido com passagens cromáticas
tocadas pelas duas mãos, com separação
de uma oitava. A terceira e última Sonata para Piano
de Chopin(si menor, Op.58; 1844) é mais convencional.
Chopin foi nada ortodoxo escrevendo recapitulações
dos movimentos da forma sonata. Usualmente, ele retornava
o segundo tema primeiro; algumas vezes ele omitia o primeiro
tema ou o retornava em uma tonalidade que não a da
tônica.
Baladas
As
baladas de Chopin são trabalhos de um grande movimento
construído de acordo com o princípio da repetição
após o contraste. Uma característica das baladas
é o uso consistente de um dos temas ser variado ou
transformado cada vez que reaparece. As baladas são
quatro. São peças grandiosas e terrivelmente
difíceis para o solista, muito inventivas e apaixonantes.
Elas passam uma quantidade de emoções e sentimentos
surpreendente para obras tão curtas. A Quarta é
a mais impressionante, pela variedade de sonoridades que apresenta.
A
significativa importância de Chopin no desenvolvimento
da música está na sua habilidade de escrever
músicas particularmente apropriadas ao piano, tomando
todas as vantagens e suas capacidades únicas ao invés
de esforçar-se em tirar dele uma sonoridade orquestral.
Ele entendeu completamente o piano de seus dias, considerou-o
como um instrumento solo e fez o máximo com suas distintas
e expressivas qualidades.
Suas
mãos eram pequenas, e seus dedos eram geralmente não
ortodoxos, ainda assim sua forma de tocar era virtuosa.
Suas
melhores composiçõees são aquelas nas
quais ele não foi limitado pelas formas tradicionais:
baladas, noturnos, prelúdios e estudos.
Obras
mais importantes :
Estudo
nº 12 (Revolucionário), Opus 10 (1829-32);
Noturno nº 2, Opus 9;
Barcarola em Fá sustenido maior, Opus 60 (1846), o
maior de seus noturnos;
Baladas nº 1, 3 e 4;
Scherzo nº 2, Opus 31;
Préludes, Opus 28 (1839);
Sonata nº 2, Opus 35 (1839);
Sonata em Si bemol menor, Opus 35;
Concerto nº 2, Opus 21, para piano e orquestra (1829);
Fantasia em Fá menor, Opus 49.
|