As
Obras
As sonatas
As sonatas para piano - 32 ao
todo - foram para Beethoven uma espécie de laboratório,
onde fazia experiências que seriam aproveitadas em outras
formas. Elas se distribuem ao longo das três fases, mas
as da segunda seriam as mais numerosas (dezesseis).
Beethoven fez grandes inovações
no estrutura da sonata. Incorporou novas formas (fuga e variação),
mudou o número de movimentos e sua ordem (colocou muitas
vezes o movimento lento em primeiro lugar), aumentou seu escopo
emocional.
Essas sonatas também
acompanharam o desenvolvimento técnico do piano no início
do século XIX. A princípio, eram destinadas, sem distinção,
para o cravo ou para o pianoforte. Somente a partir da opus 53,
Waldstein, que Beethoven deixaria claro a instrumentação:
pianoforte. Exigente, o compositor costumeiramente ficava irritado
com a limitação dos pianos de sua época, tanto
que suas últimas cinco sonatas foram compostas especificamente
para o mais avançado piano de martelo vienense, o Hammerklavier.
A opus 106 ficou justamente conhecida por este nome.
Entre as onze sonatas
do primeiro período, a mais conhecida é a opus 13,
Pathetique, com sua introdução dramática
e seu clima sombrio (a maior parte de seus temas estão em
tom menor).
As sonatas mais conhecidas
estão no segundo período - são a opus 27, Ao
Luar, a Waldstein e a opus 57, Appassionata.
A primeira delas, de modo inovador, inicia-se com um famosíssimo
Adagio sostenuto, uma elegia de suave e sombrio romantismo, até
hoje um dos trechos mais conhecidos de Beethoven. Já a Waldstein
tem apenas dois movimentos rápidos (com uma diminuta ponte
em andamento lento entre eles).
Embora mais originais,
as sonatas do último período são as menos populares.
A opus 106, Hammerklavier, de caráter monumental,
é quase uma sinfonia para piano solo. Outras grandes obras-primas
são as duas últimas, opus 109 e 110, de caráter
quase romântico.

Os concertos
Beethoven escreveu
cinco concertos para piano, um para violino e um tríplice,
para violino, violoncelo e piano. Excetuando-se os dois primeiros
para piano, todos foram compostos na fase intermediária,
onde, de fato, encontra-se a maioria da produção beethoveniana.
Os dois primeiros concertos
para piano são bastante característicos da juventude
de Beethoven, e devem grande parte de sua linguagem à Mozart.
Já o terceiro, composto em 1800, é uma obra de transição.
Tem caráter mais sinfônico e é declaradamente
sério e pesado, tendo muitas semelhanças com o Concerto
no. 24 de Mozart (também escrito na tonalidade de dó
menor).
O Concerto no. 4, composto
seis anos depois, daria um salto ainda maior. Os movimentos externos
são leves e tranqüilos, de profunda beleza e humanidade.
Já o movimento central, Andante con moto, alterna o lirismo
romântico do piano com intervenções vigorosas
da orquestra (aqui reduzida às cordas graves), obtendo um
resultado surpreendente até para Beethoven.
O último concerto
para piano, conhecido como Imperador, tornaria-se mais célebre.
É uma obra majestosa, de concepções grandiosas
e de caráter tão sinfônico quanto o terceiro
concerto, mas menos trágico.
Para violino, Beethoven
escreveu o seu concerto mais popular. Obra belíssima, é
dos concertos mais perfeitos já escritos para esse instrumento.
Anteriormente, já havia o incluído no Concerto Tríplice,
para piano, violino e violoncelo, herdeiro da sinfonia concertante
à maneira de Haydn e Mozart e claro precursor do Concerto
Duplo de Brahms.

Os quartetos
Beethoven compôs
música de câmara durante toda sua vida, mas a parte
fundamental de sua obra neste gênero seria o conjunto dos
seis últimos quartetos de cordas.
Eles foram escritos
nos últimos anos de vida do compositor e representam o ponto
culminante de sua terceira fase de criação. São
obras concentradas e profundas, cheias de recursos como a variação
e a fuga.
O opus 131 é
o mais ambicioso deles. Tem nada menos que sete movimentos, todos
encadeados entre si. O primeiro é uma fuga muito lenta e
expressiva, o quarto é uma sucessão de sete variações,
e o último é um enérgico Allegro, que retoma
o tema principal do primeiro. Portanto, apesar de sua grande extensão,
é uma obra coesa.
Além deste,
são importantes os quartetos opus 133, Grande Fuga, e opus
135.

As sinfonias
As sinfonias de Beethoven
formam a parte mais conhecida de sua obra. São nove ao todo.
A maior parte está na fase intermediária de sua criação,
exceto a primeira e a última sinfonia. Entretanto, o musicólogo
Paul Bekker classifica as sinfonias em dois grupos - as oito primeiras
e a Nona. De fato, a Sinfonia Coral é um caso à parte,
com sua enorme formação instrumental e o final com
coro, até então inédito.
A Primeira Sinfonia,
composta nos primeiros anos vienenses do compositor, está
fortemente ligada à tradição de Haydn e Mozart.
A segunda é uma obra de transição e já
apresenta algumas das suas características pessoais.
Beethoven só
encontraria sua linguagem sinfônica definitiva na Sinfonia
no. 3, Eroica. Planejada para ser uma grande homenagem
a Napoleão Bonaparte, que admirava, esta Terceira é
uma obra grandiosa, de concepção monumental e temática
épica. Porém a dedicatória napoleônica
foi retirada quando este coroou-se imperador da França -
Beethoven, decepcionado, alterou o programa da obra, incluindo uma
marcha fúnebre "à morte de um herói".
A Quarta é uma
sinfonia mais relaxada, conhecida por sua longa introdução,
quase independente do restante da obra. Já a Quinta é
a mais trágica das nove. Dita "do Destino", esta
é uma sinfonia que faz a trajetória das trevas (os
dois primeiros movimentos) para a luz (os dois últimos),
de maneira original, que abriu precedentes na história da
música (a Primeira de Brahms, a Segunda de Sibelius).
A Sexta Sinfonia, Pastoral,
é outra ousadia. Organizada em cinco movimentos, cada um
retratando um aspecto da vida no campo, abriu espaço para
as experiências de Liszt e Berlioz no gênero da música
programática.
A Sétima ficou
famosa pelo seu movimento lento, um Allegretto pouco definido entre
o elegíaco e o sombrio, que encantou compositores como Schumann
e Wagner. A Oitava é seu par, e tem no terceiro movimento
um minueto, o que é novidade - é a única que
não tem um scherzo, o substituto beethoveniano do minueto
de Haydn e Mozart.
Enfim, a Nona, talvez
a obra mais popular de Beethoven. Sua grande atração
é o final coral, com texto de Schiller, a Ode à Alegria.
É uma obra que marcou época. Sem ela, seria difícil
conceber as sinfonias posteriores de Bruckner, Mahler, e até
a ópera de Wagner.

Obras :
* 9 sinfonias
* 5 concertos para piano
* Concerto para violino
* Concerto Tríplice para piano, violino, violoncelo e orquestra
* 32 sonatas para piano
* 16 quartetos de cordas
* 10 sonatas para violino e piano
* 5 sonatas para violoncelo e piano
* 12 trios para piano, violino e violoncelo
* Bagatelas ("Klenigkeiten") para piano, entre as quais
a famosíssima Bagatela para piano "Für Elise"
("Para Elisa")
* Missa em Dó Maior
* Missa em Ré Maior ("Missa Solene")
* Oratório "Christus am Ölberge", op. 85 ("Cristo
no Monte das Oliveiras")
* Fantasia Coral, op. 80 para coro, piano e orquestra
* Aberturas
* Danças
* Ópera Fidelio
* Canções
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